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Na pandemia, circos pedem socorro: ‘Tem palhaço vendendo o sapato para comprar comida’
Por Bem Parana | Postado em: 13/04/2021 - 08:28

“Falido e sem perspectiva”. Essa é hoje a situação das companhias circenses, segundo carta divulgada na última semana pelo Fórum Setorial de Circo do Paraná (FSCP). Endividado após praticamente um ano sem público e ainda impedido de trabalhar por conta das restrições impostas para o enfrentamento da crise sanitária, o setor soltou na última semana um grito de socorro à sociedade, com o lançamento da campanha “Adote um Circo Brasileiro.

Segundo levantamento do próprio Fórum, existem hoje, espalhados por todo o Paraná, pelo menos 32 circos. O grande temor, relata Marcio Francisco, presidente do FSCP e dono do The Big Circus, é que grande parte dessas companhias, quando autorizadas a retomar os espetáculos, já não tenha mais condição de iluminar o picadeiro.

 

Não é exagero dizer que a arte milenar, após tempos caminhando tremulamente sobre a corda bamba, pode acabar finalmente beijando a lona. Nos anos 1970, por exemplo, haviam mais de 2 mil companhias circenses espalhadas pelo país. Já no ano passado, o Mapeamento dos Circos no Brasil, divulgado no final de julho pela Fundação Nacional de Artes (Funartes), apontava que apenas 645 circos resistiam em todo o país. Diante do cenário atual, é possível esperar que esse número diminua ainda mais nos próximos anos.

“A situação dos circos do Paraná, acho que do Brasil inteiro, é lamentável, de profundo desespero. Alguns não vão voltar, está correndo risco de extinguir o circo. Pessoal está vendendo caminhonete, lona... Tem palhaço vendendo sapato para poder comer, gente, motoqueiro vendendo o globo da morte”, relata o presidente do Fórum Setorial. “O circo está numa situação lamentável, de profunda tristeza, profundo desespero. Falta alguém olhar para nós. O que levamos 50 anos para construir estamos perdendo tudo em um ano”, diz.

 

Para evitar que a situação se agrave mais, os circos se uniram e estão convocando o Poder Público e a sociedade civil para participar da campanha “Adote um Circo Brasileiro”. A ideia é que empresas, cooperativas, ONGs e mesmo pessoas físicas abracem a iniciativa, colaborando com contribuições de todo o tipo (materiais de trabalho, ajuda financeira ou donativo de alimentos). As doações financeiras serão destinadas para a compra de medicamentos, produtos de limpeza e manutenção, compra de roupas e calçados, entre outros. Já os itens doados serão compartilhados entre os colaboradores do circo de forma equânime.

A ideia é que, através do Fórum, as pessoas (físicas e jurídicas) cheguem até um circo, escolham uma companhia para apadrinhar e ajudar. “É só entrar em contato conosco e daí passamos o contato direto do circo. Além disso, empresários, governantes e moradores também podem chegar e fazer um acerto direto com o circo, fazer troca, oferecer patrocínio, permuta... Não queremos nada de graça, mas pedimos que nos ajudem hoje para que os seus filhos não fiquem sem circo amanhã. Precisamos manter viva a arte do circo, que é a arte mais pura. O circo corre o risco de acabar”, desabafa Marcio.

 

Em um ano, dois dias de espetáculo e pouco público

A situação do Circo Imperial Kartoon retrata bem o momento que vive o setor. Quando teve início a pandemia, a companhia estava instalada em Tomazina, onde vinha se apresentando há cerca de duas semanas. Com o início da crise sanitária, o circo fechou para o público e só conseguiu autorização para retomar os espetáculos em novembro, no município de Jaboti. Foi gasto dinheiro com a mudança, locação de terreno, divulgação em redes sociais, por carro de som, panfleto.

“Minha estreia seria numa sexta-feira. Na quinta-feira veio um decreto estadual e avisaram que não poderia estrear”, relata Diego Pereira Marinho, proprietário do circo, que semanas depois conseguiu finalmente inaugurar o circo na cidade. “Estreei numa sexta, final de novembro. 42 pessoas, movimento fraco. Mas antes pouco movimento do que nada. No sábado caiu para 25 pessoas o público e no domingo não deu ninguém, cancelei a sessão. A gente ia pro segundo final de semana de espetáculo, mas daí veio outro decreto fechando tudo de novo e tive o alvará cassado. Nunca mais reabrimos. Então trabalhei dois dias, uma sexta e um sábado, ao longo de todo um ano e ainda foi com pouco público”.

 

Para sobreviver, o circo está tentando vender maçã do amor e outros produtos nas cidades da região. “Mas não está dando, o combustível está muito caro, está caro repor os produtos, não está dando lucro”, diz Diego. Outra saída foi buscar trabalho fora do circo, encontrar um emprego temporário em outra área, mas não tem sido fácil encontrar serviço. “Nossa situação está mais do que crítica, porque uma hora vão liberar a gente para trabalhar, mas não vou ter condição financeira de me erguer e sair daqui.”


‘Povo já ajudou demais, mas agora também está sofrendo’

Proprietário do Circo Imperial Kartoon, que hoje está parado em Jaboti, no Norte Pioneiro do Paraná, Diego Pereira Marinho comenta que a situação das companhias circenses só não é mais dramática graças ao povo, que desde o início está ajudando com doações. Após mais de um ano de pandemia, contudo, a condição dessas pessoas piorou de forma geral e, consequentemente, o auxílio também minguou.

“Nos primeiros meses [de pandemia] fomos muito ajudados. Agora, a maioria do povo também está precisando de ajuda”, diz Marinho, em discurso reforçado por Marcio Francisco. “A população apoiou circo de braços abertos, mas agora está faltando para eles também; As doações não estão vindo mais e a situação é cada vez mais lamentável”.

Em alguns lugares, as prefeituras têm ajudado as companhias oferecendo espaços para os trabalhadores ficarem e isentando a cobrança de água e luz. Mas não é a realidade da maioria. “Maior parte está pagando luz, água, gás, aluguel… Mistura, mistura está virando relíquia na comida”, diz Mario. “A população já fez sua parte, contribuiu. Agora pedimos aos empresários, aos governantes, para que olhem pelo circo. Agora é a hora de ajudar, o circo precisa de socorro desesperadamente”, finaliza o presidente do FSCP.

 

Onde estão os circos do Paraná e seus contatos

CIRCO

PROPRIETÁRIO

CIDADE

TELEFONE

Circo Astros

Tarcisio Vieira

Lobato

(44)99948-7373

Circo Balão Magico

Rodolfo

Lobato

(44) 99999-5594

Circo Cassaly

Roberto Cassaly

Curitiba

(41) 99574-0200

Circo Di Itália

Silvana Robatini

Jacarezinho

(41) 99823-7667

Circo Di Sarah

Butuca

Boa Esperança

(44)99860-0299

Circo do Pimentinha

Marcia

Colombo

(41)99797-2991 ou

(41)99602-8757

Circo Globo

Clovis

Monte Castelo

(44) 99836-4736

Circo Rhoney Espetacular

Rhoney Salgueiro Filho

Campo Mourão

(47) 99917-9598

Circo Imperial Cartoon

Diego Pereira

Tomazina

(41) 99686-0941

Circo Imperial Romano

Maria do Carmo

Ventania

(41) 99686-0941

Circo Lisboa

João Paulo Borges

Wenceslau Bras

(14) 99897-9997

Circo Los Agadi

Marcio

Rio Branco do Sul

(11) 97447-0660

Circo Master

Guilherme

Curitiba

(41) 99895-9942

Circo Max

Norberto

Capitão Leônidas Marques

(44) 99917-1702

Circo Maximo

Cristiano

Cambira

(44) 99700-3069

Circo Pantanal 1

Hernandes Faria

Boa Esperança

(53) 99968-5104

Circo Pantanal 2

Maycon Farias

Alvorada do Sul

(44) 99860-0299

Circo Planeta Espacial

Paulo Cesar

Perola

(44) 99952-1230

Circo Romany

Walter Cabral

São José dos Pinhais

(41) 99605-2938

Circo Tchê

Vanderlei Scaranto

Rio Azul

(46) 99985-7440

Circo Teatro Fantasy

Luis Augusto Salgueiro

Quitandinha

(41)99910-8741

Circo Vitaly

Jocélia Bertolin

Araucária

(47) 99900-5099

Circo Zanchettini

Edlamar Zanquettini

Campo do Tenente

(41) 99995-5497

ou (41) 99554-9761

Euro Cirque

Daniel Diorio

São José dos Pinhais

(41) 98449-9971

Kasini Bros Circus

Walter Salgueiro

São José dos Pinhais

(41) 99219-2165

ou (47) 99668-9370

Listan Circus

Antonio Andrade

Nova Fátima

(44) 99700-3069

Sophia Circus

Andre Gomes da Silva

São Mateus do Sul

(42) 98885-9677

Star Magic Circo

Rodrigo Reis Amaral

Londrina

(43) 99678-6415

Super Star Circus

Jesus Maria Vieira

Lobato

(43) 99900-8621

The Big Circus

Marcio Francisco

Curitiba

(41) 99869-6086

Vostok

Fabio Menezes

Curitiba

(48) 99963-4803

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